quarta-feira, 18 de abril de 2018

ESTE É O MELHOR DOS MUNDOS POSSÍVEIS?


“E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom; e foi a tarde e a manhã, o dia sexto.” 
Gênesis 1:31
Entende-se como mundo atual aquele que está em ato (no sentido aristotélico do termo), ou seja, aquele que está efetivado, aquele em que as coisas realmente são ou simplesmente o mundo em que nós nos situamos. O mundo atual é, ainda, um mundo possível visto que tudo que há nele é logicamente possível. Não devemos confundir mundo atual com mundo real, pois existe a hipótese de que os demais mundos são tão reais quanto o atual. Acontece que tudo que é logicamente possível não se esgota nas coisas e nos acontecimentos do mundo atual. Corriqueiramente imaginamos coisas que poderiam acontecer (como a possibilidade de estar com uma mulher bonita, ou ter mais dinheiro) e grande parte das vezes essas coisas são logicamente possíveis (como os exemplos anteriores). Convivemos, ainda, com a linguagem dos mundos possíveis quando entramos em contato com ficções de qualquer natureza. Quando extraterrestres invadem o planeta terra em um filme de Steven Spielberg podemos dizer que ele propõe um mundo possível onde isso esteja acontecendo. Assim a linguagem dos mundos possíveis satisfaz a nossa intuição na pretensão de englobar tudo que poderia acontecer em um só sistema.¹
O otimismo leibniziano consiste em garantir que Deus escolheu este como o melhor dos mundos, entre todos os possíveis. 

Pessoalmente, não acho que Deus criou o melhor dos mundos possíveis, mas arranjou a melhor configuração possível para um mundo! Isso consiste em dizer que outras melhores não são possíveis de se conceber, ou que simplesmente não funcionam, uma vez que o “mundo material” é limitado em recursos, logo suas configurações também o são. Por exemplo:

  1. Se pegarmos, n proposições, sua tabela-verdade consistira somente de 2^n possíveis resultados. 
  2. Se uma chave criptográfica tiver n bits, o número de tentativas para se descobrir a combinação será de 2^n; e se tiver n caracteres, o número de tentativas estará igualmente limitada a n! (leia-se n “fatorial”) [Para entender melhor]

Com isto, não só este, mas pode existir outros mundos que sejam igualmente melhores. Mas o que acaba gerando conflito e debate é o significado de "melhor". Se com melhor você quer dizer "moralmente bom", então não, Deus não criou, e não pode! Não por que não pode por incapacitação de poder, ele é incapacitado de criar "o melhor dos mundos possíveis moralmente bom", por que este mundo é logicamente impossível: a onipotência de Deus não é quantitativa, mas qualitativa! Ou seja, "o melhor dos mundos possíveis moralmente bom" é “logicamente impossível” por que uma vez que para algo ser bom, deve ter a intenção de ambas partes em “querer ser bom”, não havendo uma “intervenção divina coercitiva”.

Em suma, Deus escolheu a melhor configuração possível para a existência de um mundo, que pode ser muitos, e o que fazemos com ele é por nossa conta e risco.

Não digo que o mundo corporal é uma máquina ou um relógio que anda sem a intervenção de Deus, e professo absolutamente que as criaturas têm necessidade de sua influência contínua; mas sustento que se trata de um relógio que anda sem ter necessidade de ser regulado, porque senão se deveria dizer que Deus volta atrás. Deus previu tudo e cuidou de tudo de antemão. Em suas obras há uma harmonia, uma beleza já preestabelecida.²
“Viu o Senhor que era grande a maldade do homem na terra, e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era má continuamente. Então arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem na terra, e isso lhe pesou no coração”  

Gênesis 6.5-6

Nenhum comentário:

Postar um comentário